Microcefalia e Zika Vírus: Diagnóstico e Verdades Conhecidas

Microcefalia e Zika Vírus: Diagnóstico e Verdades Conhecidas

Dr. Flávio Garcia de Oliveira

A microcefalia é caracterizada pela malformação congênita na qual o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 32 centímetros, e podem apresentar características de comprometimento do sistema nervoso central.

O recente surto de microcefalia, principalmente na região Nordeste, foi relacionado pelo Ministério da Saúde com o vírus Zika, que é transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue e da chikungunya, o Aedes aegypti. A identificação destes casos ocorre quando a microcefalia é diagnosticada em crianças cujas mães tenham histórico de infecção pelo Zika na gestação.

Microcefalia: diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da microcefalia é feito principalmente pela medição do Perímetro Cefálico (PC), procedimento comum no acompanhamento clínico do recém-nascido, visando à identificação de doenças neurológicas.

Os valores obtidos na medição devem ser registrados em gráficos de crescimento craniano, permitindo a construção da curva de cada criança e a comparação com os valores de referência. A medida do PC é importante nos primeiros dois anos de vida, pois reflete, até certo ponto, o crescimento cerebral.

A microcefalia pode ser acompanhada de epilepsia, paralisia cerebral, retardo no desenvolvimento cognitivo, motor e fala, além de problemas de visão e audição.

Não há tratamento específico. Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê. Como cada criança desenvolve complicações diferentes entre elas respiratórias, neurológicas e motoras o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender de suas funções que ficarem comprometidas.

Zika: infecção, diagnóstico e tratamento

A infecção pelo vírus Zika é uma doença viral aguda, caracterizada por febre intermitente, dores na articulação, inflamação dos olhos (conjuntivite), manchas vermelhas na pele, cansaço físico e mental, dor muscular e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após o terceiro e até o sétimo dia.

É mais frequente que a infecção seja assintomática. De modo geral, estima-se que apenas 20% das pessoas infectadas com o vírus Zika ficam doentes.

O diagnóstico do vírus Zika baseia-se principalmente na detecção de RNA viral por meio de exame de sangue. Desta forma, seria possível a detecção direta do vírus em um período de 4 a 7 dias após do início dos sintomas. Entretanto, recomenda-se que o exame do material seja realizado até o 5º dia do aparecimento dos sintomas.

Não existe tratamento específico para a infecção pelo vírus Zika. O tratamento recomendado para os casos sintomáticos é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. Não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas.

Cuidados na gestação

De acordo com o Ministério da Saúde, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez. Mas o cuidado para evitar o contato com o mosquito Aedes aegypti deve prevalecer por toda a gestação.

É importante que as gestantes reforcem as medidas de prevenção ao mosquito, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho.

Um pré-natal qualificado, com todos os exames previstos nesta fase, é também de extrema importância. As gestantes devem relatar os seus médicos quaisquer alterações que percebam durante a gestação, e consultá-los antes de fazer uma viagem, independente do destino.

Até que se esclareçam as causas do aumento da incidência dos casos de microcefalia, o Ministério da Saúde pede que as mulheres que planejam engravidar conversem com equipe médica de sua confiança.

Importante lembrar que não há uma recomendação do Ministério da Saúde para evitar a gravidez.  A decisão de uma gestação é individual de cada mulher e sua família.

Cuidados para proteger-se das picadas de insetos durante a gestação:

– Evite horários e lugares com presença de mosquitos;

– Sempre que possível utilize roupas que protejam partes expostas do corpo;

– Consulte o médico sobre o uso de repelentes e verifique atentamente no rótulo as orientações quanto à concentração e frequência de uso recomendada para gestantes;

– Permanecer, principalmente no período entre o anoitecer e o amanhecer, em locais com barreiras para entrada de insetos como: telas de proteção, mosquiteiros, ar-condicionado ou outras disponíveis.

– Se houver qualquer alteração no seu estado de saúde, principalmente no período até o 4º mês de gestação, ou na persistência de doença pré-existente nessa fase, comunique o fato aos profissionais de saúde para que tomem as devidas providências para acompanhamento da gestação.

NOTA IMPORTANTE PARA AS GRÁVIDAS

Informações de fontes e professores ligados à Universidade de São Paulo notam que a grande maioria dos casos de microcefalia relatados no Nordeste estão relacionados ao contágio da mãe pelo vírus Zika antes de 18 semanas de gestação. Assim, salientamos a importância da realização do acompanhamento de ultrassonografia nos primeiros meses de gestação (o já indicado Morfológico do 1º trimestre – realizado com 12 semanas de gestação) e a reavaliação do bebê na 20ª semana de gravidez (Morfológico do 2º trimestre). Acreditamos que o diagnóstico da grande maioria dos casos de microcefalia é realizado nesse período gestacional.

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