Endometriose para Leigos

Endometriose para Leigos

Dr. Flávio Garcia de Oliveira

Atualmente a ENDOMETRIOSE é uma das doenças benignas mais comuns na mulher. As estimativas variam muito. Nos Estados Unidos acredita-se que aproximadamente 5 milhões de mulheres americanas em idade fértil sejam afetadas por essa doença. No passado, havia mais questionamentos do que respostas sobre a ENDOMETRIOSE. Mais recentemente, os esforços para entender essa doença levaram a importantes avanços médicos. Apesar de não se ter chegado a uma cura definitiva para a ENDOMETRIOSE, alternativas novas e mais eficazes para diagnóstico e tratamento tornaram-se disponíveis. Com a crescente tomada de consciência dos efeitos físicos e emocionais dessa doença, conceitos errôneos estão sendo gradualmente ultrapassados. O apanhado geral sobre a ENDOMETRIOSE proporcionado pôr este artigo reflete o pensamento sobre a doença e os estudos mais recentes disponíveis para ajudar a tratá-la. A intenção é de que ele sirva como guia para que você possa entender o que é ENDOMETRIOSE.

A Doença

A ENDOMETRIOSE é uma doença na qual pedaços de endométrio (o tecido que reveste internamente o útero e que é eliminado durante a menstruação) crescem fora do útero. O tecido endometrial normal muda a cada mês em preparação para uma possível gravidez. Durante o ciclo, esse tecido se torna mais espesso à medida que o suprimento de sangue aumenta em resposta aos hormônios sexuais femininos (estrógeno e progesterona). Então, se a gravidez não acontecer, o revestimento endometrial mais espesso rompe-se, sendo expelido do corpo sob a forma de sangramento menstrual. Na ENDOMETRIOSE, o endométrio cresce fora de seu lugar. Esse tecido é encontrado geralmente em pequenos pedaços – conhecidos como implantes ou lesões. Os implantes podem ser encontrados nos ovários, nas trompas de Falópio (que conectam os ovários e o útero), nos intestinos, na bexiga ou em outras partes do abdome. Em raras ocasiões, os implantes podem aparecer fora do abdome (nos pulmões, por exemplo). Alguns implantes são tão pequenos como uma cabeça de alfinete, enquanto outros são tão grandes como uma laranja. é raro que um implante endometriótico se torne maligno ou canceroso. Como o endométrio, os implantes endometrióticos localizados fora do útero também se tornam mais espessos a cada mês em resposta aos hormônios femininos do ciclo menstrual. Só que, diferentemente do endométrio, esses implantes não são expelidos do corpo. Sofrem as mesmas modificações que o endométrio em virtude da ação hormonal. Estas modificações levam a sangramentos, que criam um processo inflamatório no tecido circundante originando irritação e cicatrizes. À medida que esse tecido cicatricial cresce ele pode formar aderências – assim chamadas porque o tecido pode agir como uma teia de aranha para ligar as superfícies dos órgãos internos. Os implantes e as aderências podem causar dor, menstruações anormais, relação sexual dolorosa e eventualmente infertilidade.

Sintomas

A dor da ENDOMETRIOSE tem sido descrita com freqüência como “uma pressão” ou “um aperto”. Ela pode resultar do inchaço do implante, da irritação do tecido normal perto do implante e das aderências. As cólicas menstruais podem aumentar nas mulheres com ENDOMETRIOSE . O grau da dor não é necessariamente proporcional à extensão da doença. Algumas mulheres podem ter vários implantes grandes que não sejam muito doloridos, enquanto que outras podem apresentar implantes menores, em pequena quantidade, mas que causam muita dor. Suspeita-se que a ENDOMETRIOSE possa causar infertilidade. A ENDOMETRIOSE é encontrada em aproximadamente metade das mulheres que sofrem cirurgia para diagnóstico ou tratamento de infertilidade. A doença também parece aumentar o risco de gravidez tubária e de abortamento em mulheres que não conseguem engravidar.

Causas

Como o tecido endometriótico se desenvolve em lugares aos quais não pertence? Os médicos não sabem com certeza, mas a teoria mais aceita é que durante a menstruação porções do endométrio deslocam-se na direção da cavidade abdominal pôr meio das trompas de Falópio. Alguns pesquisadores acham que esse processo, chamado de menstruação retrógrada, acontece com quase todas as mulheres, mas que na maioria delas o sistema imunológico evita que a ENDOMETRIOSE se desenvolva. Novos estudos da ENDOMETRIOSE estão explorando sua relação com o sistema imunológico e também com a hereditariedade.

Diagnóstico

Se o seu médico suspeita de ENDOMETRIOSE baseado em seus sintomas e no exame ginecológico, ele pode fazer uma videolaparoscopia a fim de conseguir o diagnóstico definitivo. A videolaparoscopia é um procedimento cirúrgico feito sob anestesia geral. Um pequeno telescópio é inserido através de um pequeno corte feito perto do umbigo. Esse instrumento, permite que o médico procure por implantes dentro da cavidade pélvica, e as remova. Também torna possível ver os órgãos pélvicos – inclusive útero, ovários e as trompas de Falópio – e remover amostras de tecido para análise em laboratório. O laparoscopista pode expressar o seu diagnóstico de acordo com um sistema de classificação de quatro estágios, desenvolvido pela American Fertility Society (AFS). O Estágio I representa a forma mais branda da doença e o Estágio IV a mais grave. A videolaparoscopia tem uma importância muito grande na ENDOMETRIOSE, porque ela faz o diagnóstico, avalia a extensão da doença e remove tecidos para exame microscópico e tratamento.

Tratamento

AS PRINCIPAIS METAS DO TRATAMENTO SÃO:
* Aliviar ou reduzir a dor
* Diminuir o tamanho dos implantes
* Reverter a progressão da doença
* Preservar ou restaurar a capacidade de conceber
* Evitar ou postergar a recorrência da doença

Ao decidirem por um plano de tratamento, você e seu médico deverão considerar diversos fatores tais como: sua idade, seu desejo de ter filhos, a natureza e a extensão de sua doença e a sua história familiar. Quando seu médico apresentar-lhe as opções para tratamento, certifique-se de esclarecer as dúvidas que você possa ter.

Cirurgia

A videolaparoscopia, além de permitir o diagnóstico da ENDOMETRIOSE (veja Diagnóstico), é usada para eliminar ou destruir os implantes endometrióticos. Durante a videolaparoscopia, o cirurgião cauteriza, extirpa ou vaporiza por meio de “laser” os implantes. Esta cirurgia não requer internação hospitalar. Freqüentemente, os tratamentos hormonais são prescritos após a cirurgia. Se usados antes da cirurgia, podem atrofiar os implantes e assim tornar sua remoção mais fácil. Depois dela são uma opção contra os implantes que o médico não conseguiu ver e, portanto, não removeu durante a intervenção. Esses tratamentos podem ainda ajudar a postergar a recorrência da doença.

O próximo passo

Mesmo que ainda incompleto, nosso conhecimento sobre a ENDOMETRIOSE evoluiu consideravelmente nos últimos dez anos. Mulheres com essa doença têm se beneficiado da disponibilidade da videolaparoscopia e do desenvolvimento de novos tratamentos com menos efeitos colaterais do que aqueles utilizados anteriormente. Se você acredita que tem ENDOMETRIOSE, é importante que seja examinada por um médico a fim de fazer um diagnóstico definitivo. Se a ENDOMETRIOSE já foi diagnosticada, solicite ao seu médico que discuta com você em maiores detalhes os pontos levantados neste informe.

fonte: UNICOLPO

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