A endometrite (inflamação do endométrio) é uma doença que deve ser investigada na mulher infértil, principalmente, nas pacientes que vão entrar em programa de fertilização in vitro (FIV) ou mesmo naquelas que apresentam falha recorrente de implantação. Segundo Hamou a incidência de endometrite na população geral é de 2%.
Os aspectos característicos de endometrite à histeroscopia são: aspecto secretório e pontilhados vermelhos (aspecto em casca de morango), manchas avermelhadas, glândulas elevadas com estroma baixo (red spots), hipervascularização e distrofias vasculares.

Alguns estudos relatam que das pacientes com endometrite, 67% apresentaram como queixa principal o sangramento uterino anormal e 33% delas apresentavam infertilidade.
Os germes mais comuns associados a infecção do endométrio foram o Mycoplasma e a Clamídea, nos casos em que a histeroscopia mostrou aspecto de “morango” no revestimento uterino (endométrio). Nesses casos é importante a biópsia e a cultura da secreção endometrial. Nas falhas de FIV, 22% das pacientes apresentaram quadro de endometrite. Após tratamento a taxa de gravidez foi de 43% num grupo de pacientes abaixo de 35 anos (Labastida et al., 1992).
Na realidade, em todos esses estudos não observamos um grupo controle da população geral, pois não sabemos até que ponto pacientes assintomáticas ou com histeroscopia normal podem apresentar cultura positiva para esses germes.
As obstruções tubárias proximais podem ser avaliadas pela histeroscopia. Têm como causa os pólipos cornuais (raros com incidência de 4% nas pacientes inférteis) e as sinéquias cornuais pós-endometrites. A presença de “rolhas” de material amorfo à histeroscopia pode ser tratada com o cateterismo tubário seletivo e desobstrutivo.
A metaplasia óssea do endométrio é uma patologia rara. Pode ser derivada de restos ovulares ou aborto. O sintoma mais frequente é infertilidade, pois o tecido ósseo provavelmente age como um dispositivo intrauterino. A histeroscopia pode não só diagnosticar essa rara patologia, como também remover o tecido ósseo seletivamente.
O papel das hiperplasias endometriais na infertilidade permanece obscuro. Em trabalho realizado por Mencaglia et al.. (1981), em 619 pacientes inférteis, foi diagnosticado hiperplasia endometrial em 10.9%, porém a correlação histológica só foi positiva em 42% dos casos. Nos outros remanescentes 58% o exame histeroscópico havia identificado alterações do tipo disfuncional do endométrio que eram similares a uma hiperplasia endometrial.