Não há como prever a presença ou ausência de espermatozóides no tecido testicular de pacientes acometidos pela azoospermia não-obstrutiva, antes da realização das técnicas de TESE/TESA. Mesmo nos casos de síndrome da presença apenas de células de Sertoli (Sertoli Cell Only Syndrom), algumas regiões do testículo (cerca de 30-40% dos casos) poderão apresentar produção reduzida de espermatozóides. Por outro lado, mesmo em indivíduo com testículos de tamanho normal, azoospérmico, podemos encontrar a parada de maturação germinativa completa, e pode não ser possível obter qualquer espermatozóide através da TESE/TESA.
Assim sendo, é extremamente importante oferecer ao casal a opção de utilizar sêmen de doador, quando não for possível encontrar espermatozóides na TESE/TESA. O procedimento de MICROTESE está muito bem indicado nesses casos, o que pode apresentar melhor resultado na obtenção dos espermatozóides.
INDICAÇÕES PARA A TESE/TESA/MICROTESE:
1. Azoospermia não-obstrutiva (Parada de maturação germinativa, hipoespermatogênese severa, síndrome da presença apenas de células de Sertoli. |
2. Azoospermia obstrutiva (Bloqueio ao nível da rete testis, ausência completa dos epidídimos, escara intensa no epidídimo) |
3. Anenjaculação (não-responsiva à vibroestimulação peniana ou à eletroejaculação) |
4. Teratozoospermia severa |
5. Necrozoospermia completa |
6. Ausência total de espermatozóides móveis no ejaculado ou no PESA |
Como são realizadas a TESE e a TESA?
Os dois métodos são utilizados para obtermos espermatozóides do testículo: a extração de espermatozóides pela biópsia aberta (TESE – Testicular Sperm Extraction) e a aspiração percutânea de espermatozóides do testículo com auxílio de agulha fina (TESA – Testicular Sperm Aspiration). Ambos podem ser realizados sob anestesia local (bloqueio do cordão espermático) ou sedação leve.

No caso da biópsia aberta (TESE), realiza-se incisão de 1,0 cm na pele do escroto. O testículo é pressionado gentilmente, para que haja extrusão dos túbulos seminíferos, e este fragmento é excisado com auxílio de tesoura microcirúrgica. O fragmento de testículo é então, enviado ao laboratório para identificação e separação dos espermatozóides. Na maioria dos casos, apenas um fragmento é suficiente para fornecer espermatozóides para a ICSI. Múltiplas biópsias podem ser necessárias, entretanto, nos casos de azoospermia não-obstrutiva secundária à parada de maturação germinativa ou à síndrome da presença apenas de células de Sertoli. Nesses casos também está indicada a MICROTESE. O paciente recebe alta após 1 hora, em média, e poderá retornar ao trabalho no dia seguinte.
A aspiração testicular com agulha fina (TESA) é um procedimento simples. Uma agulha 21 ou 23 G tipo “butterfly” conectada à seringa de 20 ml é introduzida diretamente no testículo, perpendicular à pele do escroto, criando-se imediatamente pressão negativa de sucção ao puxarmos o êmbolo da seringa. Deve-se realizar de 6 a 8 incursões da agulha, em diferentes direções, no interior do testículo. Ao final do procedimento, a agulha é retirada e o material encaminhado ao laboratório para identificação e separação dos espermatozóides.
Devido à simplicidade do procedimento, consideramos a TESA como a primeira opção para a obtenção de espermatozóides do testículo, passando-se à TESE nos casos de falha da primeira. Entretanto, na atualidade está muito em voga a MICROTESE.