Transtornos Alimentares e Fertilidade

Transtornos Alimentares e Fertilidade

Neste artigo nós iremos falar sobre a relação entre transtornos alimentares e fertilidade. Confira! 

Os transtornos alimentares são condições complexas com implicações significativas para nossa saúde física e mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% da população brasileira sofre com transtornos alimentares, cerca de 10 milhões de pessoas.

Não importa a idade, gênero, classe social e etnia, qualquer pessoa pode sofrer com transtornos de ordem alimentar.

Entretanto, a idade em que as pessoas (especialmente mulheres) começam a apresentar distúrbios alimentares continua diminuindo. Além das repercussões físicas e emocionais dos transtornos alimentares, eles também têm impacto na saúde reprodutiva e na fertilidade.

Visão geral sobre os transtornos alimentares e fertilidade

Existem basicamente quatro tipos diferentes de distúrbios alimentares, cada um com seus próprios sintomas e mecanismos. Aqui está uma breve explicação sobre eles:

  • Anorexia nervosa: restrição alimentar, medo de ganhar peso, imagem corporal distorcida;
  • Bulimia nervosa: ocorrências repetidas de compulsão alimentar, sensação de falta de controle ao comer, comportamento compensatório para evitar ganho de peso, levando ao uso de laxantes ou indução do vômito;
  • Transtorno da compulsão alimentar periódica: semelhante à bulimia nervosa, mas sem o comportamento compensatório para evitar o ganho de peso;
  • Transtorno alimentar restritivo evitativo: um diagnóstico relativamente novo anteriormente referido como “transtorno alimentar seletivo”. É semelhante à anorexia, pois ambos os distúrbios envolvem limitações na quantidade e/ou tipos de alimentos consumidos, mas, ao contrário da anorexia, isso não envolve angústia sobre a forma ou o tamanho do corpo.

Apesar de cada transtorno alimentar estar associado a comportamentos diferentes, existem alguns traços comuns entre eles que acarretam implicações importantes para a saúde geral e a fertilidade. Pessoas com distúrbios alimentares geralmente são nutricionalmente comprometidas e são mais propensas a apresentar amenorreia (também conhecida como ausência de ciclos menstruais) ou oligomenorreia (ciclos menstruais irregulares), o que pode causar problemas ao tentar conceber.

Embora a nutrição esteja comprometida em pacientes com todos os tipos de transtornos alimentares, o que pode ter impactos significativos na saúde geral, existem algumas diferenças biológicas entre os grupos que apresentam implicações importantes para a reprodução e a fertilidade.

Tentando engravidar com um transtorno alimentar


Existem muitas etapas necessárias para que a concepção e a gravidez ocorram, e a ovulação é uma fase muito importante.

Ovulação é quando um óvulo desenvolvido é liberado do ovário e tem o potencial de ser fertilizado pelo esperma. Se a ovulação não ocorrer, a gravidez não acontece e  ponto final. É por isso que monitorar a ovulação é tão importante para as pessoas que tentam engravidar.

Anorexia e ovulação irregular

Para pessoas que possuem distúrbios alimentares, a ovulação e a menstruação podem se tornar irregulares ou parar completamente. Embora períodos irregulares ou a falta deles não façam parte dos critérios diagnósticos para anorexia nervosa, cerca de 80% das pessoas com sintomas de anorexia relatam que pararam de menstruar por pelo menos três meses; um adicional de 8% relata períodos irregulares.

A biologia subjacente por trás da ovulação irregular e da anorexia é bem compreendida. A anorexia (e o estado de baixo peso, mais amplamente) está associada a uma diminuição de um hormônio chamado leptina.

Embora a leptina seja normalmente considerado o hormônio que controla o apetite e o peso, ele tem outra superpotência importante: regula a atividade do hipotálamo no cérebro, que, por sua vez, controla a produção de hormônios como o hormônio luteinizante (LH) e o folículo-estimulante (FSH), cruciais para a ovulação. Baixos níveis de leptina podem “desligar” o hipotálamo e reduzir os níveis desses importantes hormônios reprodutivos, resultando em ovulação irregular ou ausente.

Outros tipos de transtorno alimentar e ovulação irregular

Os períodos de ovulação em pessoas com outros tipos de transtornos alimentares podem parecer comparativamente normais, embora ainda sejam diferentes do que vemos entre pessoas que não têm transtornos alimentares.

Cerca de 40% das pessoas com bulimia e 50% das pessoas com outros tipos de transtornos alimentares têm períodos regulares, enquanto cerca de 35% das mulheres com esses subtipos de distúrbio alimentar não menstruam.

Além desses tipos de transtornos alimentares, há certas coisas que tornam a paciente mais ou menos propensa a ter períodos irregulares e ovulação. Um IMC atipicamente baixo ou alto, prática intensa de exercícios e baixos níveis de ingestão calórica aumentam o risco de amenorreia ou oligomenorreia.

Ter um transtorno alimentar torna você infértil?

Mudanças na regularidade do ciclo menstrual não são de forma alguma permanentes nos transtornos alimentares. Alguns estudos sugerem que a maioria das pacientes com anorexia e amenorreia pode esperar que seus ciclos se normalizem nos primeiros seis meses de aproximação do peso “normal” para a altura. (Cada pessoa tem um peso ideal geneticamente predeterminado, que pode ou não seguir as curvas tradicionais de IMC).

Dito isto, períodos irregulares não significam que você não pode engravidar. Na verdade, pessoas com transtornos alimentares têm duas vezes mais chances de ter uma gravidez indesejada ou não planejada. A suposição é que isso ocorre porque as mulheres tendem a presumir que períodos irregulares ou ausentes significam que a chance de engravidar é zero e, como resultado, elas param de usar métodos contraceptivos.

Tentando engravidar depois de se recuperar de um transtorno alimentar

Embora esteja claro que um distúrbio alimentar presente pode afetar suas chances de concepção, o que acontece se você tiver sofrido de um distúrbio alimentar anteriormente? Existem efeitos duradouros de distúrbios alimentares que podem persistir e afetar a fertilidade?

Os dados geralmente indicam que ter um transtorno alimentar passado não afeta sua capacidade atual de conceber. Um grande estudo de base populacional no Reino Unido descobriu que as chances de concepção nos primeiros seis meses de tentativa de engravidar eram semelhantes entre pessoas com histórico de anorexia, histórico de bulimia e mulheres sem histórico de distúrbios alimentares.

Embora pacientes com histórico de distúrbios alimentares fossem mais propensas a consultar um médico para problemas relacionados à fertilidade, elas não eram mais propensas a receber tratamento de fertilidade após a consulta. Outros estudos também descobriram que pessoas que sofreram com transtornos alimentares no passado não são mais propensas a se submeter a tratamento de fertilidade.

Pacientes com histórico de anorexia também não diferem no número de gestações e idade da primeira gravidez em relação àquelas sem histórico de transtornos alimentares. Mas a falta de diferenças entre pessoas com e sem histórico de transtornos alimentares não significa que a experiência da gravidez, ou os resultados da gravidez, sejam os mesmos nesses dois grupos.

Procure um profissional da saúde especializado em reprodução humana para tirar suas dúvidas. Não hesite em buscar ajuda caso perceba que pode estar sofrendo com algum tipo de transtorno alimentar.

Caso você precise de nós, saiba que a Clínica FGO estará sempre de portas abertas.

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